Hérnia de disco: 5 avaliações com o Método Pilates
O que é a Hérnia de disco?
Trata-se de um processo em que ocorre a ruptura do anel fibroso, com subsequente deslocamento da massa central do disco nos espaços intervertebrais.
Esse processo ocorre com maior frequência em pacientes entre 30 e 50 anos, embora também possa ser encontrado em adolescentes e pessoas idosas e muito raramente em crianças (Negrelli, 2001).
Causas de formação
Dentre as causas de formação de hérnias de disco, pode-se considerar o esforço intenso em flexão de tronco, obesidade, hipotonia, traumatismo, alterações degenerativas, má formação congênita e sedentarismo, podendo acarretar pequenas deformidades ou até a ruptura do anel.
Prevenção
Devido aos sérios riscos desta patologia, a estabilização da coluna vertebral é um potente auxiliar na prevenção e alívio de dor para os portadores de hérnia de disco.
Nesse sentido, o Método Pilates tem sido apontado como boa alternativa para prevenção e tratamento de hérnias discais.
Qual o objetivo do Método Pilates no tratamento da hérnia de disco?
O Método Pilates busca restabelecer o funcionamento ideal do corpo, podendo ser utilizado tanto como um exercício de condicionamento como parte de um programa fisioterápico de reabilitação.
Estudiosos avaliaram os efeitos de um programa de Pilates, com duração de nove semanas, com frequência semanal de três sessões de 50 minutos sobre a resistência abdominal e flexão de braços sobre 12 voluntárias com idades variando entre 25 e 40 anos, observando melhora significativas (p<0,05) após o período de intervenção (Ferreira, Aidar e Novaes, 2007).
Acredita-se que o Método Pilates é capaz de proporcionar força, flexibilidade, melhora da postura, controle motor, melhora de consciência e percepção corporal (Ferreira, Aidar e Novaes, 2007).
Outro benefício do Pilates é a melhora postural e redução do ângulo da cifose, sendo assim importante aliado no ganho de flexibilidade e alteração postural.
O ganho de consciência corporal e consequentemente melhora dos alinhamentos e encaixes pode corrigir sobrecargas e compensações indevidas em outras regiões do corpo e liberando-as para desenvolverem suas próprias potencialidades em harmonia e equilíbrio (Dillman, 2004).
Apesar de todos esses benefícios citados, poucos estudos foram realizados para verificar se o Método Pilates realmente pode melhorar o quadro geral em pacientes herniados.
Eficácia da aplicação do Método Pilates
O Método Pilates foi aplicado, por seis semanas, sobre a flexibilidade, a sensação de dores na coluna vertebral e a postura em mulheres com hérnia de disco.
Materiais e métodos
Tratou-se de um estudo descritivo e analítico com delineamento transversal, com caráter predominantemente qualitativa, cuja amostra foi composta por seis mulheres com as seguintes características:
- Idade 45,0 ± 4,8 anos;
- Estatura 1,60 ± 0,4 m;
- Massa corporal 67,5 ± 9,1 kg;
- Percentual de gordura corporal 35,8 ± 9,9
Todas acometidas de hérnia de disco comprovada por meio de exames.
1 – Avaliações Físicas e Anamnese
Duas avaliações foram realizadas:
- Inicial (realizada 4 dias antes do início das sessões)
- Final (2 dias após o término das 6 semanas de intervenção com 12 sessões de Pilates).
Além das avaliações, foi aplicada uma anamnese para saber o histórico de saúde e a relação das participantes com a hérnia de disco.
2 – Avaliação da flexibilidade
A flexibilidade foi avaliada por meio do teste de sentar e alcançar através do banco de Wells.
Os indivíduos foram orientados a mover o escalímetro do banco (Sanny®) ao máximo que conseguissem, realizando uma flexão de tronco. Esse procedimento foi repetido três vezes, sendo considerado apenas o resultado da terceira tentativa.
3 – Avaliação da dor
Para quantificação da dor foi utilizada a Escala Visual Analógica (EVA), ferramenta já validada (Scott e Huskisson, 1976), que possui característica de resposta linear e permite avaliar objetivamente uma sensação subjetiva.
As pacientes apontavam um valor na EVA (que vai de zero a 10) que indicasse a intensidade da dor que sentiam no momento da avaliação.
Basicamente, a EVA consiste na representação gráfica sobre uma linha contendo no início a pontuação “ausência de dor” e no outro extremo a pontuação “dor insuportável ou maior dor imaginária”.
4 – Avaliação postural
Foi utilizado o protocolo que se caracteriza por utilizar um fio de prumo sobreposto a um Simetrógrafo com Plataforma (Sanny®), para mensurar de forma qualitativa os desvios posturais a partir das vistas anterior, lateral e posterior por meio de observação do pesquisador em dois momentos, antes e após a intervenção (Kendall e McCreary, 1995).
O estudo também contou com a realização de fotos digitais (Sony® Cyber-shot 12.1) e a utilização de uma marcação sobre a pele dos avaliados com etiquetas redondas (Pimaco®) e com o lápis dermográfico, mostrando com exatidão os principais pontos anatômicos e possíveis desvios posturais.
5 – Avaliação antropométrica
Para caracterização da amostra, a composição corporal foi determinada pela mensuração de dobras cutâneas (Jackson, Pollock e Gettman, 1978) com adipômetro (Cescorf®). A massa e a estatura corporal foram mensuradas em balança e estadiômetro (Welmy® 110).
RESULTADOS
Tanto para o teste de flexibilidade como para a escala de percepção de dor observamos diferenças significativas (p<0,01) nas avaliações pós tratamento (Figuras A e B).
Nossa análise qualitativa por meio de fotos e simetógrafo mostraram melhorias em relação a postura das participantes em relação a avaliação inicial.
DISCUSSÃO
Verificou-se através dessa pesquisa que o Método Pilates foi eficaz para melhorar a flexibilidade e a postura e, principalmente, diminuir a percepção de dor em mulheres acometidas por hérnia de disco, em seis semanas.
Tais evidências são importantes porque podem proporcionar melhor qualidade de vida a esse tipo de paciente em um tempo relativamente curto.
Em relação à flexibilidade, nossos dados estão em consonância com os encontrados por Barra e Araújo (2007).
Esses autores mostraram melhoria na flexibilidade como efeito do Método Pilates em mulheres com idade média de 34 anos e que nunca haviam praticado a modalidade.
O ganho de flexibilidade após as 32 sessões foi de ~11,7 cm, elevando da classificação “fraca” para “bom”. Em nosso estudo o incremento na flexibilidade foi de ~25% o que parece justificar positivamente o Método Pilates como metodologia para trabalhar a flexibilidade nesses pacientes.
A redução do nível de dor e alívio dos incômodos, relatados pelas voluntárias deste trabalho, corroboraram outro estudo (Donzelli e colaboradores, 2006) que aplicou o Método Pilates avaliando os pacientes pela escala de dor e também encontrou melhora nos quadros de lombalgia crônica de 21 pacientes, além do alto grau de satisfação com o tratamento, sentimento este que também foi relatado pelas nossas participantes.
Estudo de Lima (2006), feito com um grupo formado por mulheres de 25 a 30 anos, com o diagnóstico de lombalgia crônica, passou pela intervenção com o Método Pilates e foi observado que 80% das participantes tiveram decréscimo importante nos níveis de dor, conforme a escala comportamental de dor utilizada como instrumento no referido estudo.
Tal estudo evidenciou que os exercícios do Método Pilates geraram efeitos positivos quando aplicado em mulheres com lombalgia crônica, havendo diminuição da mesma, justificada pelo fortalecimento abdominal provocado pelo Método Pilates.
As análises qualitativas da postura feita por meio de observação visual no instrumento Simetrógrafo apontaram melhora da postura fundamental após a intervenção.
O método Pilates tem como importância o posicionamento da postura adequada para cada exercício, isso pode ter influenciado a correção de desvios ocasionados pela rigidez muscular.
O programa de exercício veio propiciar uma maior ação de encurtamento e alongamento da musculatura superficial do tronco, auxiliando na maior sustentação da cintura escapular.
CONCLUSÃO
Os resultados permitem concluir que o Método Pilates aplicado em seis semanas de treinamento apresentou alterações positivas na flexibilidade, redução dos níveis de dor e melhora postural.
Para indivíduos que sentem dores constantes causadas pela hérnia discal, o tratamento com o Método Pilates pode ser utilizado como opção no tratamento e controle dessas patologias.
Todas voluntárias assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Adventista campus 1, sob número 886/2010, CAAE – 0687.0.146.000-10.
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Abraços e ótima leitura!
3 comentários
Marcelo Ribeiro · 02/08/2018 às 19:47
Show professo!Tenho um projeto de Pilates,estou conversando com a Ticiane Cruz,depois que eu alinhar este projeto com ela quero apresentar para você professor!Parabéns pelos artigos e toda contribuição para educação física!Abraços!
Prof. Dr. Charles Lopes · 02/08/2018 às 21:02
Ok meu amigo, pode entrar em contato comigo sim, será um prazer!
Gino · 13/07/2019 às 16:24
Thanks to the excellent guide