Neste artigo especialmente dedicado ao emagrecimento, vamos tratar de alguns mitos que as pessoas acreditam que podem ajudar no processo de emagrecimento.

 

Se ligue abaixo nas respostas para essas perguntas!

 

1 – Ginástica localizada reduz a gordura na área trabalhada?

Muitas pessoas lamentam isso, mas infelizmente não existe redução de gordura localizada em determinada área do corpo.

Muitos gostariam de perder gordura no braço, na cintura, nas coxas, no quadril especificamente. Porém nosso corpo queima (oxida) gordura de uma forma geral. 
A maior “prova prática” e simples é o braço do tenista. O braço dominante, que é muito mais utilizado, não tem dobras cutâneas (gordura abaixo da pele) menores do que o membro não dominante. As gorduras ficam estocadas em nosso organismo dentro de células chamadas de adipócitos (células adiposas) na forma de triglicerídeo. Cada molécula de triglicerídeo é composta por 3 ácidos graxos e 1 glicerol. 

A oxidação das gorduras inicia-se por um processo denominado lipólise, que a grosso modo significa “quebra de lipídeos ou gordura”. Para tanto é necessário à liberação de hormônios (GH, adrenalina, noradrenalina, cortisol, glucagon, testosterona) que irão ativar uma enzima chamada de lípase sensível ao hormônio.

Esta enzima está dentro do adipócito e degradará os triglicerídeos intracelulares, liberando os seus compostos para a corrente sanguínea. 

Assim, os 3 ácidos graxos, agora “livres”, são processados dentro das mitocôndrias das células pelo metabolismo aeróbio.

Repare que o primeiro passo foi a necessidade da liberação hormonal e esses hormônios atuam, praticamente, em todas as células do corpo o que explica a “não redução localizada da gordura”. 

 

Em suma, o efeito da ginástica localizada é de de tônus muscular local e, a longo prazo, pode aumentar o gasto energético em repouso colaborando para o processo de emagrecimento.

 

2 – O uso de Blusas e sacos plásticos durante o treinamento físico ajuda no processo de emagrecimento?

Essa crença errônea vem do fato de que logo após um treinamento físico vigoroso, o peso corporal pode diminuir de 2 a 3 kg.

Antigamente e, infelizmente, até hoje algumas pessoas pensam que se utilizarem algo para transpirar mais podem aumentar a perda de massa e emagrecer mais ainda.

Para tanto utilizam blusas, mesmo em dias quentes ou normais, ou, ainda, sacos plásticos.

No entanto, essa prática além de ser muito perigosa não ajuda em nada o processo de emagrecimento.

A explicação é simples: o suor que resulta da transpiração contém água e eletrólitos (sódio, potássio, etc) e não gordura.

Assim, a perda de peso se deve a uma desidratação corporal decorrente dos exercícios físicos e é natural.

Adicionalmente, logo após a atividade física com o consumo de água e a alimentação normal ocorre a reposição “desse peso” perdido.

O perigo de usar sacos plásticos ou blusas para transpirar mais é muito grande.
Isto porque o hipotálamo, que controla a nossa temperatura interna, funciona como termostato. Nele está registrada (configurada) a temperatura “normal”
de ~ 37º.

Quando realizamos exercícios aumentamos a produção de calor metabólico porque a energia química dos substratos é convertida em energia mecânica (para
ação muscular) e energia térmica (calor). Porém, quando a temperatura sobe, o mesmo hipotálamo comanda o processo de resfriamento do organismo para evitar
um aumento exagerado e danoso às nossas células. Para isso, nós transpiramos para tentar evaporar e perder calor, temos vasodilatação (os vasos sanguíneos se abrem) cutânea, etc. Se mesmo assim a temperatura continuar a subir, o organismo transpira ainda mais, entendendo que a taxa de sudorese não é suficiente para conseguir equilibrar a temperatura.

Quando alguém usa agasalhos, blusas ou sacos plásticos, o corpo dela não para de receber “ordens” do hipotálamo para transpirar cada vez mais.

O problema é que esse suor vem principalmente da água existente dentro das células e do sangue.

Com um sangue menos rico em água, o coração tem que trabalhar “bater” cada vez mais para circular a mesma quantidade necessária podendo levar a uma parada cardíaca, por exemplo.

 

http://https://www.youtube.com/watch?v=JVfup56X4qw&t=1s

Além de tudo isso, cabe aqui um comentário simples: se fosse tão fácil assim emagrecer, bastariam saunas e não teríamos mais ninguém com excesso de gordura no mundo!

A não ser que a pessoa quisesse isso, é claro.

 

3 – Comer a noite engorda mais que o normal e prejudica o emagrecimento?

Essa crendice se baseia no fato de que no período noturno nosso organismo gasta menos energia para se manter vivo, uma vez que está dormindo ou quase próximo disso (em estado de vigília).

Porém, como sabemos, os processos de engorda e emagrecimento dependem da quantidade total de calorias ingeridas e gastas nas 24 horas do dia e não de um
período específico.

Se um indivíduo, por exemplo, comer antes de dormir todos os dias, mas no total de sua ingestão ele somar 2.000 kcal e gastar em atividades físicas 400 kcal, com seu metabolismo de repouso 1.600 kcal e mais 200 kcal para o efeito térmico da digestão ele terá um equilíbrio energético negativo (2.000 kcal de ingestão versus 2.200 kcal de gasto) e, portanto, irá emagrecer em longo prazo, isso independentemente do horário em que consome seus alimentos.

 

É verdadeiro, porém, que o fato de comer grandes quantidades a noite pode atrapalhar o sono de algumas pessoas e gerar maior lipogênese (formação de triglicerídeos), mas daí a afirmar que “engorda mais” é puramente um mito.

 

4 – Fazer sauna ajuda no emagrecimento?

A sauna promove maior taxa de sudorese (suor).

O suor é composto por água e sais minerais (potássio, sódio, magnésio e outros).

Quando o indivíduo pesa menos do que antes de realizar a sauna, na verdade, ele perdeu água principalmente e não gordura como ainda algumas pessoas insistem em pensar.

Se fosse tão fácil assim, não teríamos mais obesos no mundo, bastaria realizar saunas.
Contudo, é interessante lembrar que a sauna tem suas vantagens para outros aspectos desde que utilizada com prudência.

 

Assim, a redução de peso decorrente da sauna é proveniente da perda líquida que ocorre.

 

5 – Durante o processo de emagrecimento é possível trocar gordura por músculo?

Muitas pessoas imaginam que a gordura “vira músculo” literalmente. Isso não existe.
Muitas pessoas acreditam erroneamente que o treinamento físico constante irá promover uma “troca” da gordura por massa muscular.

O que ocorre, na verdade, é que há tendência de aumento da massa muscular e diminuição da massa gordurosa.

Apesar disso, não há possibilidade nenhuma de um “virar” outro.

Seria mais apropriado falar em redução do percentual de gordura corporal.
Por exemplo, se uma pessoa pesa 70 kg e tem 20% de gordura corporal, significa que ela tem 14 kg de gordura (20% de 70 kg = 14 kg).

Se a mesma pessoa mantiver o peso total do seu corpo (70 kg), mas ao mesmo tempo reduzir de 14 para 13 kg de gordura e aumentar em 1 kg sua massa muscular a gordura corporal será modificada (emagrecimento) para 18,5% (13 kg = a 18,5% de 70 kg).

 

Portanto, não existe troca. Mas, sim, possibilidade de aumento de um (massa muscular) e diminuição de outro (massa gorda).

 

6 – Se parar de treinar o músculo virará gordura?

O músculo não tem como virar gordura.

Essa crença talvez exista porque algumas pessoas que eram extremamente “grandes” (hipertrofiadas) em termos musculares (musculosas) depois de anos de treinamento param por algum motivo e engordam excessivamente.

A comparação de duas imagens, uma da época do treinamento com outra depois do mesmo, causa espanto nas pessoas que conheceram o indivíduo.

Casos como esse geram crença de possível “relação de causa e efeito” entre musculatura grande e obesidade no futuro. A verdade é que o gasto energético do indivíduo treinado e com grande massa muscular é muito alto na época ativa e esses valores caem bastante quando o indivíduo deixa de treinar regularmente.

Nesses casos, normalmente o gasto diminui, mas a ingestão alimentar permanece a mesma, até pelo hábito adquirido. Assim temos um desequilíbrio energético ou o conhecido “equilíbrio energético positivo”. Em outras palavras, a pessoa passa a gastar muito menos energia e ingerir a mesma quantidade de antigamente.

Os efeitos da não participação no treinamento físico são basicamente:
(A) redução do gasto energético pela própria atividade física que ele deixou de praticar e
(B) diminuição do gasto energético em repouso (metabolismo basal) por perda de massa muscular significativa.

Vale lembrar que a massa muscular é um tecido metabolicamente muito ativo e que gasta relativamente grandes quantidades de energia.

 

A solução seria reduzir a ingestão energética (calórica) para o novo nível de exigência atual: ou seja, de uma pessoa não treinada ou sedentária.

 

7 – Beber água durante o treino atrapalha o emagrecimento?

Água não tem calorias, não engorda nada e muito menos deve ser evitada em praticantes de atividades físicas. Pois é, pode parecer absurdo, mas ainda tem gente que pensa que água pode engordar!

Infelizmente essa falta de informação pode ser prejudicial à saúde da população.
Essa ignorância se deve provavelmente a escassez de informações no ambiente escolar, afinal todos passam por alguma escola (ou deveriam passar).

Dentro da escola o responsável por essas informações seria o professor de educação física (ou de biologia?) que é o profissional mais preparado para ensinar esses conceitos relacionados à saúde e às atividades físicas.

Independentemente das causas, o fato é que quando o indivíduo deixa de ingerir água numa situação onde ele perde muito líquido podemos ter sérios problemas como desidratação e a possibilidade de lesões térmicas.

 

Dessa forma, o acesso à água deve ser livre e incentivado para evitar problemas de saúde em praticantes de atividades físicas que queiram emagrecer e em todos os outros que têm diferentes objetivos.

 

8 – Para realmente queimar gordura o exercício deve durar mais que 30 minutos?

Não existe “um tempo” para oxidar (“queimar”) gorduras.

Em realidade, as gorduras são metabolizadas a todo instante, inclusive enquanto estamos dormindo.

O que ocorre realmente é que quanto mais longo, mais duradouro, for o exercício maior é a contribuição das gorduras (em valores percentuais) como fonte de energia para os músculos trabalharem.

Porém, é necessário pensar nesse aspecto de forma global. Ou seja, não é porque quanto mais longo o exercício mais gorduras (percentualmente) participam da produção de energia que só vamos “queimar” gordura em atividades acima de meia hora e só vamos estimular o emagrecimento com exercícios acima desse tempo por sessão.

Devemos lembrar que o tipo de substrato energético (combustível para os músculos) que é utilizado não é o fator mais importante para o emagrecimento. Diferentemente disso, o que interessa mesmo é a quantidade total de energia (quilocalorias) que é gasta na atividade.

É perfeitamente possível conseguir emagrecer, com sessões menores que 30 minutos, desde que a intensidade, o tipo de exercício e a dieta sejam compatíveis com esse objetivo.

 

Obviamente, em alguns indivíduos não temos a possibilidade de aplicar maior intensidade e a única forma de maximizar o gasto energético é por meio do aumento na duração. Porém, à medida que o condicionamento físico vai melhorando com o tempo, vai ficando cada vez mais fácil realizar atividades que antes eram “impossíveis” e isso certamente pode reduzir o tempo da sessão para fazer o mesmo trabalho.

Ou seja, o bom condicionamento físico gera o famoso “fazer mais com menos”.

 

9 – Massagem ajuda no emagrecimento e na redução da celulite?

A prática da massagem tem vários benefícios como relaxamento muscular, sensação de bem estar e isso está relacionado com a liberação de hormônios e substâncias benéficas ao organismo.

Entretanto, seu gasto calórico é muito baixo e, portanto, não colabora significativamente para o processo de emagrecimento.

A celulite tem causa multifatorial (genética e estilo de vida – alimentação/hábitos de atividade física) e também não é combatida apenas com a massagem. No máximo, a massagem vai promover efeitos agudos que vão durar apenas algumas horas e esses efeitos estão associados muitos mais com o “afastamento temporário” mecânico da massagem do que com sua “eliminação”.

 

Ações como alimentação com ingestão relativamente baixa de gorduras saturadas e atividade física regular vão colaborar efetivamente com a prevenção e o combate a celulite.

 

Galera, esse foi o último post da nossa série #emagrecimento.

Se você gostou, veja aqui mais alguns artigos específicos sobre emagrecimento:

Musculação emagrece?

Abdominal perde barriga?

 

Espero que as respostas tenham contribuído para sanar e eliminar de vez alguns mitos populares sobre como as pessoas acreditam que vão emagrecer.

É importante para nós que você deixe seu comentário, para entendermos a relevância de cada tema e podermos falar mais sobre eles no futuro.

 

 

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Em breve teremos novas séries…

Será que o tema vai ser hipertrofia?

Não sei… rs, fica ligado para não perder!